quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Bienal do Piores Poemas


Amanhã acontece a cerimônia de entrega da VI Bienal do Piores Poemas organizada pelo Grupo Oficcina Multimédia e que tem como tema "A Mulher Fala".
Devido à apresentação que farei no Cafofo não poderei comparecer. Porém recomendo a todos irem a este evento de suma importância para a cultura belorizontina. Mas saindo de lá (o horário de encerramento está marcado para 21h) corram para o Cafofo que dará tempo de assistir a apresentação completa do Grupo Queijo, Comédia e Cachaça!
Gostaria de aproveitar e colocar aqui o resultado de minha humilde participação na Bienal do Piores Poemas de 2002 cujo tema era "Ah! o mar...":

Um poema sobre o mar
Não é difícil recitar
Basta fazê-lo rir...
Ri mar!
Ri mar!
Rimar...


Eu sei...sou um poeta nato! Obviamente não ganhei nenhum prêmio uma vez que o concurso era para o pior poema e este meu ficou estupidamente bom. Este ano perdi o prazo de inscrição mas irei treinar bastante para quem sabe concorrer (e ganhar) no ano que vem!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Síndrome de underground 05

O treinador Émerson Leão foi demitido de seu clube no Catar. Leão treinou vários times brasileiros que se fossem listados daria ocuparia quase o espaço da matérias. Porém o treinador possui uma idenfificação especial com dois times e torcidas: Santos (onde foi campeão Brasileiro em 2002) e Atlético Mineiro (onde foi quarto colocado no brasileiro de 1997** e fez um ótima campanha depois que assumiu o time no ano passado).
Para o portal Terra, em uma matéria sobre futebol asiático que é vista pela internet por qualquer pessoa no mundo isso já não importa:
...
Apesar de não permitir que o treinador termine seu vínculo de dez meses, o Al-Sadd se comprometeu a arcar com todos os detalhes estipulados na cláusula de rescisão. Desta forma, o ex-treinador de São Paulo, Santos, Palmeiras e Corinthians considera que o acordo está sendo cumprido.
...
Como disse meu amigo Marcelo Vargas: "Peraí! Não tá faltando um time muito recente nesta lista aí não?"

E é nessas pequenas coisas que a gente nota para quem é feita a crônica esportiva nacional. E mais uma vez nossa "síndrome de underground" é justificada.

**informação corrigida após observação do Ota, presidente da Cru-Golo

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Síndrome de underground 04

Cruzeiro e Flamengo fizeram um grande jogo pelo Campeonato Brasileiro no último domingo. Cinco gols, lances polêmicos, bolas na trave, gols perdidos e muita emoção num dos melhores jogos do campeonato. Eu estava lá e enquanto o Cruzeiro não fez o terceiro gol estava com uma péssima sensação de quem estava sendo lesado. Mas de qualquer maneira queria esperar até chegar em casa e ver os lances da falta horrorosa cometida pelo Toró no Ramirez que merecia cartão vermelho aos meus olhos e do pênalti cometido pelo mesmo Toró sobre Thiago Ribeiro quando o jogo estava 2 a 2.
Chegando em casa liguei o computador e entrei no site da globo para ver os melhores momentos. Tamanha foi a minha surpresa a ver todo o choro do adversário estampado nas principais manchetes a respeito de um suposto pênalti não marcado no último minuto do jogo. Confesso que no estádio não tinha como ver com clareza o lance pois me encontrava na arquibancada do lado oposto, mas vendo o lance depois pelo alto e com zoom achei que realmente a penalidade havia ocorrido. Porém os dois lances que eu tanto queria tirar minha dúvidas não faziam parte do compacto editado pela Globo. Por que?
Só se falava no tal lance que tirou o Flamengo da Libertadores (sendo que não há nada decidido ainda) mas em momento algum estava sendo questionado os demais lances onde o Flamengo havia sido beneficiado. Pior! Eu não tinha nem mesmo a oportunidade de matar minha dúvida. Em discussões na internet flamenguistas que haviam assistido ao jogo pela TV me garantiam que não havia sido pênalti. Já em sites e comunidades relacionadas ao Cruzeiro aqueles que não foram ao estádio garantiam que o pênalti no Thiago havia ocorrido.
Não que um erro justifique outro, mas a grande questão é o porque de os grandes formadores de opinião do Brasil não mostrarem os dois lances polêmicos!
Foi então que na terça-feira o lance finalmente apareceu:


Primeiro: se por acaso o lance do Thiago não foi pênalti, por que não mostrá-lo antes? E mais! Por que não temos aquela imagem com zoom e com todos os detalhes em câmera lenta? Junto deste lance foi colocada também uma carta do presidente do cruzeiro Alvimar Perrella que exprime praticamente tudo que eu queria falar aqui sobre essa tal “síndrome de underground”. Seguem alguns trechos:

“...infelizmente, a partida que no domingo era apontada por vários críticos e torcedores com a mais espetacular do ano, acabou tendo uma repercussão distorcida nos últimos dias. Os belos lances de ataque, as grandes defesas dos goleiros e os cinco gols ficaram em segundo plano diante de uma jogada polêmica. Grande parte da crônica nacional se uniu ao choro dos flamenguistas e ainda hoje só comentam um dos pênaltis não marcado pelo árbitro Carlos Eugênio Simon. A dividida do zagueiro Leo Fortunato com o atacante Diego Tardelli deixou muitas dúvidas. 48 horas depois do jogo analistas de arbitragem, jornalistas e comentaristas continuam discutindo se foi falta ou não.
...
Mas por que a mesma veemência dos comentários não é usada para analisar outros lances em que o time carioca pode ter sido favorecido?
A falta desleal de Toró em Ramires merecia apenas o cartão amarelo ou aquela entrada covarde deveria ter sido punida como cartão vermelho? E a falta dentro da área do mesmo Toró no Thiago Ribeiro não foi pênalti? O que muito nos estranhou foi ver em vários programas de televisão esse lance ser mostrado por apenas um ângulo, sem as imagens de detalhe que são gravadas na beira do campo e por câmeras posicionadas atrás das traves.
...
No primeiro turno, no encontro entre Portuguesa e Flamengo, no Canindé, o árbitro Evandro Rogério Roman validou dois gols rubro-negro ilegais, em jogadas que tiveram toque de mão de atletas cariocas. Mas a repercussão daquele jogo não foi nem de longe do tamanho que estamos vendo agora. Por que?
Os times de Minas Gerais já foram prejudicados em inúmeras competições contra equipes do Rio. Podemos lembrar facilmente de vários exemplos: a perda do Brasileiro de 74 pelo Cruzeiro contra o Vasco e até mesmo as arbitragens favoráveis ao Flamengo contra o Atlético-MG na final de 80 e na Libertadores de 81, mas parece que esses são jogos “esquecidos” no Rio de Janeiro.”


Mas o que me deixou mais puto nessa cobertura totalmente parcial da rede Globo a respeito deste caso foi este vídeo que encontrei hoje no youtube:


Não houve pênalti! O lance é muito rápido e pode gerar interpretações diferentes, claro. Mas por que esta imagem por este ângulo não foi mostrada até então??
É incrível o poder de manipulação da imprensa e este caso mostra muito bem isso. Se isso é feito no futebol...imagine como não são manipuladas as notícias que realmente interessam...
Na minha opinião, o saldo da partida é o seguinte: 2 bolas na trave do Flamengo em finalizações dos atacantes cruzeirenses. Uma falta grotesca digna de expulsão de Toró em Ramires onde o infrator recebeu apenas cartão amarelo. Dois lances muito polêmicos de penalidades dentro da área, sendo um para cada lado e ambos não-marcados. Dois impedimentos mal-marcados que poderiam resultar em gols, um para cada lado. Dois gols incrivelmente perdidos, um por Ramires e outro por Juan (um para cada lado). Dois gols marcados pelo Flamengo. Três gols marcados pelo Cruzeiro. Se mesmo assim você acha que caso o Flamengo fique mesmo de fora da Libertadores a culpa é do Simon, a única coisa que posso fazer é lamentar por você. E oferecer um lenço.

Síndrome de underground 03

Na quarta-feira, dia 05 de novembro não tivemos rodada do Campeonato Brasileiro. Depois da novela a rede Globo transmitiu o jogo Botafogo x Estudiantes. Jogo sem muito interesse para aqueles que não torcem para o time da estrela solitária, como eu. Se tratava ainda de um jogo de quartas de final de uma competição sulamericana que ainda não possui grande prestígio (mas deveria) entre os brasileiros. Mesmo não assistindo à partida achei que fosse bom ela passar para que a tal competição comece a cair no gosto do pessoal daqui.
Ontem, quarta-feira, dia 26 de novembro o Internacional de Porto Alegre começava a decidir a Copa Sulamericana contra aquele mesmo Estudiantes. O Inter com um grande time e disputando uma decisão inédita para o Brasil. Um jogo que seria de grande interesse de muitos torcedores e amantes do futebol, mesmo aqueles que não são torcedores do colorado. Liguei a televisão para assistir a partida e para minha surpresa passava um filme. Mas como? Por que? Então me lembrei que apesar de ter um grande time e ser o último clube brasileiro a vencer uma Libertadores e Mundial, o Internacional não faz parte do “eixo”. E minha síndrome de underground ganha mais uma prova e que não é apenas mania de perseguição...não se trata nem mesmo do meu time.

Este post do Blog PHD (Páginas Heróicas Digitais) mostra que este sentimento não é apenas meu.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Síndrome de underground 02

Ontem, quarta-feira dia 19 de novembro de 2008 vi uma chamada na página principal do Yahoo! para uma notícia a respeito do ranking da IFFHS. Para quem não sabe este ranking diz respeito apenas aos últimos 12 meses e a pontuação é dada pelos resultados obtidos em torneios nacionais e internacionais, sendo que os torneios internacionais possuem peso maior. Normalmente o melhor brasileiro é aquele que melhor se saiu na Libertadores. Não vou discutir os critérios deste ranking, que eu acho totalmente inútil. Mas já que ele foi noticiado vamos analisar como isto aconteceu. Clique aqui para ver a notícia in loco.
Pois bem, a chamada era ilustrada pela imagem abaixo:
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Já na chamada é dito que o Fluminense é quem lidera entre os brasileiros e o Corinthians nem está na lista (não disputou Libertadores nem o Brasileiro...não pontuou no último ano, portanto). E temos uma ilustração com 3 fotos, sendo a primeira do atacante Washington, do Fluminense, logo depois Rogério Ceni, jogador do São Paulo e depois Ibson, meio campo do Flamengo. Ao ver a chamada concluí que Fluminense, São Paulo e Flamengo eram os 3 melhores brasileiros do ranking, o que é uma conclusão óbvia a partir desta imagem.

Resolvi então entrar na matéria para saber a posição do Cruzeiro, que maginei não ser muito distante do Flamengo, já que ambos estão próximos no Brasileirão e foram eliminados na mesma fase da Libertadores. Foi então que tive a surpresa:

print screen completo

Jornais locais priorizarem imagens de seus times é absolutamente compreensível. Mas um portal como o Yahoo! é acessado por todo o mundo. Não é um portal voltado para cariocas ou paulistas. Alguém tem uma justificativa no mínimo plausível para haver a imagem do jogador do Flamengo na chamada uma vez que este time não figurava entre os 3 primeiros? Alguém consegue me mostrar que não se trata de favorecimento explícito a este time em termos de exposição na mídia?
É a maior torcida do Brasil? Sim. Isto justifica até ter mais matérias sobre o Flamengo que de outros times...mas para este caso não consigo encontrar justificativa alguma para não constar uma imagem de um jogador do Cruzeiro, time que ocupa a terceira posição neste ranking que, se não é parâmetro para nada não sei o porque de o fato ter virado notícia. A única coisa que eu pediria era um mínimo de imparcialidade... coisa difícil de se encontrar em nossa imprensa esportiva.
Enfim, eis aí a primeira prova de que a tal síndrome de underground batizada para mim não se trata de mania de perseguição...

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Síndrome de underground

Síndrome de underground foi o nome dado pela minha querida amiga Manu às constantes reclamações que faço a respeito dos benefícios que os times do eixo (São Paulo, Flamengo, Corinthians, Vasco, Palmeiras, Fluminense e Botafogo) recebem, principalmente da mídia. De tanto ouvir os argumentos dela tirei o Santos da lista e também reconheço que Fluminense e Botafogo recebem menos benefícios que os demais citados, sendo Flamengo e Corinthians sem dúvidas os mais "favorecidos".
Não por coincidência as duas maiores torcidas do país. Não estou dizendo que a mídia é errada ao dar mais destaque a eles afinal de contas mídia é também negócio. A única coisa que eu gostaria era de uma igualdade de tratamento e mais imparcialidade em alguns casos. Até porque mesmo esta questão de tamanho de torcidas é um pouco complicada pois acabamos entrando na questão do ovo e da galinha: esses times têm maiores torcidas por receberem tratamento especial da mídia ou eles recebem tratamento especial da mídia por terem as maiores torcidas. Somente um estudo bastante aprofundado a respeito do crescimento do rádio, jornais impressos e TV no Brasil aliados à gradativa formação de cada torcida poderia nos ajudar a elucidar esta questão.
Bom...depois, se for o caso, eu exponho aqui tudo o que penso a respeito deste assunto. Para quem não entendeu, esta manifestação dos torcedores do Vitória seria um ótimo exemplo prático da síndrome de underground se aflorando.
Começarei a postar aqui todas as justificativas que achar para possuir a tal síndrome, afim de mostrar (ou tentar mostrar) que não se trata de uma mania de perseguição e sim de um sentimento que todo torcedor off-eixo deveria nutrir para não se deixar enganar por aquilo que vê todo dia por aí...
Amanhã teremos o primeiro exemplo...só não vai ser hoje porque os "prints" que dei não estão aqui neste computador...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Diálogo

- Caramba Alvim! Você perdeu! Foi a coisa mais linda do mundo...eu e mais 42 mil cantando feito loucos!!! A massa é foda demais...jogo no meio de semana, 10 da noite, o galo lá na metade da tabela e a galera toda lá...só faltou você!
- Não achei que valia a pena gastar meus 5 reais pra correr o risco de tomar outra goleada desse time horrível do Vasco. Vencer não foi nada mais que obrigação. É fácil para você falar já que pagou dois e conquenta...eu não sou mais estudante!
- Outra goleada pro vasco? Tá louco? Ontem foi só alegria! Devolvemos a goleada, fora o baile! Uhu!
- Tá explicado porque você ainda é estudante...é péssimo em matemática..não vai formar nunca! Se você não sabe 6 menos 4 é dois. Não devolvemos nada...esse time ainda ficou me devendo 2 gols...
- Ah..para com isso cara...Agora com o Kaliu vai ser só alegria..ainda estamos invictos!!! 3 vitórias em 3 jogos!
- Claro...Realmente é uma campanha invejável... São Paulo, Grêmio e Cruzeiro gostariam de estar no nosso lugar... Fugimos do rebaixamento e agora vamos brincar no campeonato...
- Estao com inveja mesmo...e não é apenas inveja...o medo deve estar tomando conta deles...a sorte deles é que campeonato está acabando...se a gente tivesse mais umas 25 rodadas tenho certeza que iríamos brigar pelo título!
- Não sei se a gente ia conseguir manter o ritmo...são muitas rodadas e o elenco é limitado...
- Limitado? Você só pode estar brincando!!! Pedro Paulo e Sheslon estão detonando...e nem preciso falar do Renan Oliveira...ouvi dizer que o Dunga assistiu o jogo ontem para observá-lo..
- Mesmo assim nosso time como um todo ainda fica devendo...
- Não sei não...posso te dizer sem dúvidas que nosso time foi o melhor de todos os jogos da noite de ontem no brasileirão!
- Mas ontem só teve o nosso jogo...
- Não vamos nos apegar a estes pequenos detalhes...
- Ah não Negão! Eu desisto de conversar com você...pelo menos por este seu raciocínio a gente pode dizer que o Vasco foi o segundo melhor time ontem, né?
- Finalmente estamos concordando...e desse lance de ser segundo eles entendem...hahaha
- Hahahaha!! Bom...vamos pedir a saideira pro garçon, porque se minha mulher descobre que tô aqui nesse Copo Sujo com você eu vou apanhar mais do que o galo apanhou esse ano...

Chapeuzinho vermelho

No maravilhoso mundo dos contos de fada chapeuzinho vermelho passeia pela floresta encantada para levar um pacote de camisinhas com aroma de uva pra vovó ninfomaníaca, quando de repende uma moita se mexe. Ela fica curiosa pensando ser algum casal fazendo sexo selvagem e fica observado. De repente sai da moita um lobo em uma cadeira de rodas. Chapeuzinho grita:
- Oba...Oba...você veio me comer?
- Não, sua piranhinha. Eu sou o lobo paralítico e vim aqui para fazer malabarismos no sinal de trânsito da árvore.
- Ah....para que?
- Paralítico...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Tempo

Certo dia fui me encontrar com o Tempo
Deixei tudo de lado e fui vê-lo passar
Queria alguns conselhos, saber o que fazer
Me diziam que certas coisas só ele podia resolver
E fui encontrá-lo pois sabia onde ele passaria
Queria saber se realmente eu não podia fazer nada
E descobri que podia
Mas enquanto esperava o Tempo passar
O tempo passou
Agora já era tarde demais

***escrito originalmente em 24/06/2003

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Homenagem ao malandro

Organização do Palácio das Artes resolveu fazer uma homenagem ao malandro no primeiro dia de vendas para as apresentações da turnê “Carioca”, de Chico Buarque, a serem realizadas no início de dezembro.

Com início das vendas previsto para as dez horas de 26 de outubro, às 9 da manhã a fila já dobrava a esquina da Avenida Carandaí em direção à Ezequiel Dias. É natural que a organização do evento não previsse tamanha procura, tendo em vista que Chico Buarque costuma se apresentar sempre em Belo Horizonte em suas tantas turnês realizadas nos últimos anos. É natural que três caixas consigam realizar com agilidade de modo a evitar acúmulo de pessoas a venda de cerca de 6400 ingressos em um só dia. É também natural que não seja necessário nenhum esquema especial já que aquela tal malandragem do brasileiro não existe mais. Aqui todo mundo respeita todo mundo, respeita as regras, respeita as leis, sobretudo a lei de Gérson. É absolutamente compreensível que uma pessoa que chegou às oito horas da manhã e encontrou cerca de 200 pessoas à sua frente não consiga adquirir quando chega sua vez as nove horas da noite um dos cerca de 2000 ingressos localizados na parte mais privilegiada da platéia. Ao menos uma coisa foi bem prevista de modo a evitar a ação de cambistas: cada cidadão poderia adquirir “apenas” 10 ingressos (5 pares na verdade, como divulgado). E dá-lhe malandro regular profissional.

Vai trabalhar vagabundo! – dizia um amigo meu. Vai trabalhar criatura! – insistia um outro. Mas não posso, tenho que enfrentar uma fila para poder comprar o meu ingresso. Quem não se encaixa no perfil “malandro” não tem como adquirir seu ingresso. O que não faltava era gente andando assim de viés e encontrando algum conhecido para que ele pudesse fazer companhia em lugar mais à frente. Nada mais justo. Horas de fila sem algum conhecido é muito desgastante. Não faltou malandro com aparato de malandro oficial, com gravata e capital, afinal nem todo lugar na fila é tão barato. Uma grávida compra seus ingressos na fila especial. Passados alguns minutos uma grávida (a mesma) volta a comprar ingressos utilizando a fila especial. Mais algum tempo e lá está a grávida comprando mais ingressos na sua fila especial. Compreensível, afinal grávidas têm estes desejos...vai que o filho nasce com cara de Chico Buarque, o pai poderia desconfiar de algo.

Parabéns ao Palácio das Artes por este show de organização. Parabéns ao malandro que nunca se dá mal, furou a fila, comprou lugar ou deu um jeitinho qualquer. É uma pena que malandros par valer não poderão comparecer. Dizem as más línguas que ele agora trabalha e não pode se dar ao luxo de matar apenas um dia inteiro do trabalho. Vai trabalhar vagabundo!!!

***escrito originalmente em 27/10/2006
***apesar da crítica visto aqui minha própria carapuça. Só garanti meu ingresso graças à amiga da amiga de minha amiga que passou o dia inteiro na fila e como não tinha estourado sua “cota” de 10 aceitou gentilmente adquirir meu ingresso e de minha amiga, que era amiga de sua amiga.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O dia da festa

Aquele título significava tudo pra ele. A esperança de finalmente poder comemorar com seu time aquela conquista tão sonhada desde seus doze anos o deixava alegre e ao mesmo tempo tenso. Há muito a torcida não ficava tão empolgada com as atuações da equipe. Ele não se concentrava mais no trabalho, a namorada o largou pois não agüentava mais: ele só tinha olhos e mente voltados para a realização daquele sonho, que era seu mas não dependia em nada dele. Acompanhou o time em todos os jogos do campeonato. E agora naquela grande final ele estava ali deitado naquela maca de metal fria aguardando que alguém o viesse buscar. A enfermaria do estádio tinha um ar mórbido, com as paredes pichadas pelos torcedores com os lemas de suas torcidas organizadas e com frases do tipo “daqui não se sai com vida”. A impressão era de que ele estava na enfermaria de um presídio. Na sala havia três macas sem colchão como a sua. As outras duas estavam desocupadas. O enfermeiro saiu para procurar o médico de plantão que provavelmente estava em meio aos torcedores. O deixou ali sozinho e disse que radinhos eram proibidos no local.
O silêncio naquele lugar era assustador. Muito ao fundo apenas era possível “sentir” os gritos da torcida, porém sem identificar o que cantavam. O único som ouvido ali era o de peças metálicas de tocando, devido ao constante movimento das macas resultantes da vibração no estádio. A vibração parecia cada vez maior o que o deixava mais tenso: será que haviam feito um gol? Aos poucos a vibração foi voltando ao normal e ele levou um imenso susto quando a porta se abriu. O enfermeiro trazia um torcedor apoiado em seus ombros e pulando em uma perna só: “empatamos...empatamos!!!”, gritava empolgado o homem com a perna quebrada. Foi possível perceber pela conversa com o enfermeiro que ele havia torcido o tornozelo enquanto pulava na comemoração do gol na arquibancada. Ao saber do empate um misto de alegria e arrependimento o tocou. Ele levantou a mão como que comemorando e saudando o torcedor que trazia a boa notícia e foi prontamente seguro pelo enfermeiro: “já disse para não tirar a mão da barriga!” E tinha razão. Aquele pequeno momento em que levantou o braço fez aumentar consideravelmente a poça de sangue formada na maca pelo que escorria de seu ferimento no abdômen.
Ao ver o sangue a alegria foi dando lugar totalmente ao arrependimento. Começou a pensar que se tivesse ficado quieto no intervalo poderia estar lá empurrando o time rumo à virada. Mas ele não agüentou sair perdendo no fim do primeiro tempo e assistir quieto as provocações da torcida rival. Ficava feliz ao lembrar de como acertou a primeira voadora no magrelo que estava de costas conduzindo as musiquinhas ofensivas. Porém depois disso a confusão generalizada tomou conta do lugar e ele só lembra de ser atingido na altura do estômago por uma lâmina, cair no chão e sentir ser deferido em seu rosto o primeiro chute. Acordou dez minutos depois na enfermaria, de acordo com o enfermeiro que disse a ele ter muita sorte de ter retomado a consciência tão rapidamente.
Naquele momento ele sentia uma tonteira muito forte mas conseguiu ainda perguntar ao torcedor do tornozelo quebrado se o time havia melhorado: “tá jogando muito, bem diferente do primeiro tempo. Com certeza vamos virar...ainda deve ter uns dez minutos de jogo”. Ao ouvir isso ele já começou a imaginar o dia seguinte: ele já melhor comemorando o título pelas ruas da cidade, lavando a alma de tantos anos de gozações que teve de agüentar da torcida rival. Ele seria a pessoa mais feliz do mundo. Valeu a pena esperar.
De repente as macas começaram a vibrar como nunca e a esperança do gol da virada tomou conta dele. Como de impulso ele levantou novamente o braço e foi de novo repreendido pelo enfermeiro. A poça de sangue começou a pingar no chão e sua dor aumentou muito. A vibração do estádio deixava ele ainda mais tonto. Um forte dor de cabeça surgiu e a vista começou a escurecer. De repente uma forte luz atingiu seus olhos e ele perdeu novamente a consciência. O enfermeiro saiu correndo para procurar novamente o médico e alguns amigos que haviam ido com ele ao estádio adentraram a enfermaria para lhe dar a notícia do gol da virada aos 48 do segundo tempo. Entraram cantando e vibrando sabendo que dariam a melhor notícia da vida do amigo. Tarde demais. Ele estava morto.
No dia seguinte sobre o caixão foi colocada uma bandeira com o escudo do clube e sobre ele já estava bordada a estrela que representava o título tão sonhado ganho na véspera. Enquanto o caixão descia o choro da família se misturava aos gritos de “é campeão” de vários torcedores que foram ao cemitério em troca de alguns reais patrocinados por membros da imprensa com o intuito de dar mais dramaticidade àquela reportagem.

***escrito originalmente em 17/05/2005

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Explicação

Bom,

considerando que já fazem 3 anos do ocorrido que gerou o "poeminha" do último post e que nem todos que acessam aqui são mineiros e fãs de futebol acho que se faz necessária uma breve explicação para contextualizar os versos escritos.
O "poema" parte de uma célebre frase do escritor mineiro Roberto Drummond e que é utilizada como uma espécie de "segundo hino" do Clube Atlético Mineiro, onde ele diza que "se houver uma camisa preto e branca pendurada no varal em dia de tempestade, o atleticao torce contra o vento".
Além disso, o "poema" busca referência sempre ao Hino oficial do clube, a começar pelo título que parodia a frase final do hino "uma vez até morrer". O fato do "poema" possuir um título já chega a ser uma ironia, mas não irei entrar neste (de)mérito.
O "poema" foi escrito pouco antes do rebaixamento do clube à série B do Campeonato Brasileiro, no ano de 2005. À época o time mineiro ocupava a última colocação na tabela de classificação e seu rebaixamento era dado como certo.
O "poema" se dirige a Roberto Drummond (ou à sua frase) logo na primeira estrofe afirmando que desta vez a torcida não adiantou e se afogou na tempestade, jogando o time no escuro abismo da série B enquanto ocupava humilhante posição de lanterna da competição(luz da humilhação).
O silêncio na alvorada é uma referência ao "canto dos galos ao amanhecer", uam das definições do dicionário Aurélio para esta palavra, lembrando que o galo é o mascote do Clube Atlético Mineiro. A estrela que se apaga é a tão aclamada estrela amarela que o Atlético Mineiro ostenta sobre seu escudo e simboliza a conquista do Campeonato Brasileiro de 1971. É uma alusão ao rebaixamento que será tão inesquecível quanto este importante título, apagando assim o seu brilho. O "gelo" derretendo, a "raça" que não "vingou" são referências encontradas no hino do clube: "(...)nós somos campeões do gelo(...)jogamos com muita raça e amor(...)galo forte vingador".
Na última estrofe o "pranto do seu filho" faz referência a um dos principais personagens do rebaixamento alvinegro. Euller, o filho do vento, e seu choro era fotografado a cada derrota do Atlético Mineiro e ocupava as páginas dos jornais. Porém desta vez nem seu choro salvou o clube, uma vez que no ano anterior o Atlético havia escapado do rebaixamento ao vencer o São Caetano na última rodada por 3 a 0. Na época houveram denúncias de que o jogo havia sido vendido, mas nada foi provado. Fato é que o então jogador do São Caetano, Euller, que antes do jogo declarou ser atleticano e não gostaria de ver o time rebaixado e que durante a partida não acertou um passe praticamente, pouco tempo depois estava vestindo a camisa e assinando contrato com o Atlético Mineiro. Desta vez, estando do lado de dentro ele nada pôde fazer. Nem o pranto do "filho do vento" conseguiu fazer com que ele (o vento) desse uma trégua na tempestade. A camisa preto e branca já não estava mais lá. A cena do varal vazio apenas ratifica a vitória do vento sobre ela.

sábado, 18 de outubro de 2008

Uma vez até 2005

na expectativa do jogão de amanhã, segue uma lembrança de alguns anos atrás:

Uma vez até 2005

É Roberto....
Desta vez não teve jeito.
Desta vez nossa torcida
se afogou em nosso peito.

Desta vez a tempestade
nos jogou na escuridão
acendendo em nossa face
somente a luz da humilhação.

Fez-se silêncio na alvorada
Nossa estrela se apagou
Nosso gelo derreteu
Nossa raça não vingou.

Nem ao pranto de seu filho
desta vez ele cedeu.
O varal está vazio.
Foi o vento quem venceu.

***escrito originalmente em 31/10/2005

domingo, 12 de outubro de 2008

Notícias de um fim de semana

Muita gente me questiona sobre esta questão da renovação dos textos a cada 4 semanas. Perguntam se não dá pra mudar toda semana, se nessas 4 semanas o texto é exatamente o mesmo, se não há nada diferente.
Sobre mudar toda semana eu sempre digo que não vale a pena. Primeiro porque ninguém irá assistir toda semana e se a pessoa quiser acompanhar todo o trabalho do grupo ela tem 4 dias diferentes para poder ir. Segundo porque chegar num texto de 12 minutos não é nada fácil e ter todo este trabalho para fazer aquele texto apenas uma vez acaba levando a mensagem (ou piada) que você fez com tanto carinho para relativamente pouca gente. E terceiro porque é praticamente impossível se renovar um material toda semana mantendo a mesma qualidade. Dou como exemplo o programa Casseta & Planeta. Não há o que se discutir no talento daquele grupo, mas não há como negar que quando o progama era mensal ria-se muito mais a cada programa. O proceso criativo necessita de tempo.
Sobre a apresentação ser exatamente a mesma também dou a mesma resposta: uma apresentação nunca é igual a outra. Sempre haverá um comentário feito na hora, uma intervenção de alguém da platéia ou um comentário sobre algo que ocorreu recentemente. Para ilustar este caso coloco este vídeo abaixo onde faço um comentário sobre duas notícias que haviam ocorrido na véspera. É o tipo de piada que se faz apenas uma vez, pois mais pra frente já não faz tanto sentido.
Aproveito para lembrar que nesta terça-feira dia 14 de outubro estrearemos texto novo no Canapé!! E na quarta-feira faremos uma apresentação especial no auditório da Escola de Arquitetura da UFMG. Lá mesclaremos textos de todo o repertório. Se você perdeu nossas primeiras apresentações é uma ótima oportunidade para assistir. A apresentação começará as 19:15 e a Escola de Arquitetura fica na esquina da Rua Gonçalves Dias e Paraíba.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Redescobrindo segredos de Ouro Preto

Ah!...Ouro Preto...
Que belas surpresas você nos revela a cada instante...
Que belos segredos você guarda em suas ladeiras...
Cá estou eu frente a mais um deles.
Talvez segredos que já conhecemos,
mas nos causam a mesma emoção ao "redescobri-los".
E aqui estou aos pés do morro.
Marília de Dirceu ao meu lado assovia um vento frio e úmido
como um convite a subir
e adentrar por entre a saia da "noiva seminua".
Olho para cima e nada vejo.
Apenas a neblina que cobre a cidade nessa manhã de inverno.
As casas sobem em uma sensual sinuosidade,
e aos poucos vão se desfazendo
e desaparecem em meio às nuvens.
E lá no topo o "gran-finale".
Qual será a surpresa que me aguarda?
Não é a primeira vez que passo ali,
mas é como se não soubesse o que encontraria.
Não há como resistir e começo a subir...
A cada passo é como se fosse sendo criado o caminho mais ao longe.
A curva com os telhados das casas vai surgindo
à medida em que alguns degraus ficam para trás.
Cada vez mais o "fantasma da noiva" vai se despindo e se revelando.
Quanto mais próximo ao cume mais emoção eu sinto.
Chegando lá em cima basta olhar ao lado.
Basta olhar ao largo.
Mesmo com a visão meio nublada não há como conter:
a respiração ofegante, o coração acelerado parece que bate na boca,
as pernas tremem, um suor frio desce por todo o corpo
e mais um segredo (nem tão secreto) é redescoberto:
Como cansa subir essa ladeira de Santa Efigênia!!!

***escrito originalmente em 22/07/2003

domingo, 5 de outubro de 2008

As flores do milharal

como eram belas as flores que brotavam em meio ao milharal da fazendinha
ah...a fazendinha...
o cheiro do doce de banana da vovó
do cural de milho...
acordar com o sol entrando como um ladrão disfarçadamente entre as falhas da janela de madeira
acordar com o canto dos galos que ao primeiro raiar do sol já se punham a disputar o canto mais imponente do galinheiro
(como eram chatos aqueles galos)
mas eram compensados pelo canto dos bem-te-vis, sabiás, rouxinóis, andorinhas, quero-queros...
o pôr do sol visto da rede do alpendre
enquanto o beija-flor vinha enamorar as belas margaridas cultivadas com amor pela vovó junto aos girassóis, que neste momento já se encontravam cabisbaixos
como era bom brincar no riachinho e se refrescar com as deliciosas limonadas do vovô
ah...o vovô...
como era bom ir dormir ouvindo as histórias que ele contava
de suas aventuras na fazendinha
de quando conheceu o grande herói Poranga
de como Poranga o ajudou a plantar o milharal
como eram boas as férias na fazendinha
e como eram belas
tão belas
as flores que brotavam em meio ao milharal da fazendinha
depois do acidente nunca mais voltei na fazendinha
a caminhonete correndo
o vovô tentando parar
a vovó gritando
a árvore chegando
o vidro quebrando
meu rosto sangrando
a vovó chorando
o vovô dormindo
o vovô no céu
mamãe disse que vovô foi se encontrar com Poranga
dizem que meu rosto ficou todo marcado
não sei
após aquilo nunca mais me vi no espelho
nunca mais senti o cheiro do doce de banana
o gosto do cural de milho
nunca mais ouvi o canto dos pássaros (nem dos galos)
mas sempre vejo a visão mais bela que já tive neste mundo
sempre que saio de casa em meio aos sons e cheiros desta imunda cidade
sempre com meus óculos escuros, minha bengala e meu cão-guia
não me esqueço de como eram belas as flores que brotavam em meio ao milharal da fazendinha

***escrito originalmente em 03/03/2003

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Desculpas (quase) esfarrapadas

Peço desculpas a todos (todos os 3) que visitam o blog procurando atualizações. Há 2 semanas estou sem computador pois por falta de espaço resolvi comprar um novo HD. O HD se mostrou incompatícvel num primeiro momento pois parece que o HD antigo se sentiu enciumado pelo fato de o outro ser maior e não funcionou.
Tentei de várias maneiras fazer minha placa filhadamãe reconhecer meu novo HD mas não consegui. Visitei nosso amigo que tudo sabe e vi que teria de mexer em algumas coisas e gastar um bom tempo para fazer o HD funcionar. Resolvi então deixar em local indicado para me poupar do trabalho contando com a ajuda da sempre presente Elen (sem ela talvez todo este processo demoraria cerca de 2 a 3 meses). A assistência não conseguiu em 4 dias resolver o problema e então resolvi trocar o HD. Foi quando o Lucas da loja em que comprei disse que resoveria o problema para mim. Levei então até lá e ele ajustou as coisas. Chegando em casa porém nada funcionou.
Foi aí que apareceu o amigo Russo disposto a me ajudar. Ficamos 8 horas testando de todas as maneiras possíveis e vimos que o caso estava perdido. A esta altura o antigo HD enciumado já tinha feito beicinho e também não admitia funcionar.
Foi aí que pensei: fudeu!
Levamos novamente o PC ao lugar da compra do HD e foi então que o Lucas nos mostrou o truque e saímos de lá com ele finalmente funcionando.
Infelizmente ainda não tive tempo de instalar tudo novamente e ainda por cima perdi vários dados importante por causa deste ciúme besta de um HD que sempre me atendeu e não aceitou dividir seu espaço com outro.

Enfim...cu no pau há...esta ladainha toda é apenas para justificar (ou tentar justificar) tanto tempo sem novos posts e também para agradecer aos que me ajudaram nesta batalha contra os HD's rivais: Uirsu que teve paciência pra tirar minhas dúvidas vááárias vezs por telefone enquanto eu ainda tentava resolover o problema com minhas próprias mãos, Elen pelo carinho, paciência e presteza em ajudar com os problemas de horário e transporte da CPU, Lucas que acabou solucionando o problema e Russo que mesmo no maior aperto com os prórpios problemas para resolver se mostrou bastante solícito em ajudar.

Voltemos agora com a programação normal...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Naquela cidade

“não tenho estado muito em casa ultimamente
nem me lembro quanto tempo faz
aprendi a não olhar pra trás.

eu conto as horas que passam
eu conto estrelas no céu
na solidão das noites sem graça
nos quartos de hotel
?como se chama essa cidade?
?como se chama a atenção?
de uma cidade que dorme
enquanto a gente, infelizmente, não?”


Quanto tédio.
Já amanheceu faz tempo e “Quartos de Hotel” não sai da minha cabeça.
Também pudera...onde já se viu cidade mais fodida!?!
Me mato de trabalhar para terminar tudo na quinta, arrumo minhas coisas e vou pra rodoviária.
Mas onde já se viu?
Só tem passagem pra capital no sábado e na terça de manhã!
O que vou fazer nessa cidadezinha de merda até amanhã?
Já passam das onze da manhã e eu continuo aqui, deitado na cama desse quarto de hotel arrotando o suco de mamão que tomei naquele café da manhã “suculento”, como está escrito na placa do lado de fora.
Deve ser porque só tem suco essa porra!
Só não sei onde entra o lento...hehe
Disse isso porque me lembrei da cena de abertura do “Ed Mort”, onde ele explica para o molequinho o que é um “breakfast”.
Mas isso não vem ao caso.
Agora são onze e quarenta e já vai começar o Chaves.
Ao menos por meia hora terei o que fazer...
Rá!Rá! Adoro estes episódios no restaurante.
Ainda mais com o “Seu” Jaiminho...
E eu aqui...tentando evitar a fadiga...
Este episódio (assim como os outros) é ótimo, com o Chaves aprendendo na marra que as coisas são servidas pela esquerda e retiradas pela direita, inclusive as moscas...
Haha! Chaves também é cultura!
Poxa! Já acabou?
É...o que é bom passa rápido...agora tem o Alterosa Esporte.
To sem paciência pra assistir...é sempre a mesma coisa:
“Cruzeiro vence mais uma e galo aumenta a crise...”
Já ta perdendo a graça...
Vou sair pra almoçar.
Espero que os restaurantes não estejam “fechados para almoço” nessa roça.
“A verdadeira comida mineira!”
Este aqui deve ser bom...
Bom...pelo menos a garçonete é boa demais!
A primeira mulher de verdade que eu vejo por aqui...
Corpo escultural,"peitinhos de pitomba",olhos verdes...
Sem falar naquela boca...
Carnuda, hipnotizante, fazendo a imaginação fluir...
Ela veio me servir e se abaixou à minha direita quase colando seu imenso decote em meus olhos.
Provavelmente ela não assiste ao Chaves...
A comida estava bem mais ou menos, mas a troca de olhares que mantive com aquele ser perfeito durante minhas garfadas fez com que eu nem sentisse o gosto daquela couve mal-cheirosa.
Antes de sair perguntei a ela o que se fazia sexta à noite na cidade.
Ela disse que hoje teria um festival de dança.
Odeio dançar!
Ela perguntou se eu gostava.
Adoro! - respondi.
Disse que não conhecia ninguém ali e perguntei se podia ir com ela.
Aqueles lábios maravilhosos abriram um sorriso lindo e ela disse que seria um prazer.
Disse que morava na casa ao lado do restaurante e que eu passasse lá às nove horas.
Contei os minutos durante a tarde.
Aquele quarto de hotel já não era tão ruim...
Tentei dormir, mas não conseguia.
Estava tão excitado que tive de tomar cinco banhos gelados.
Ficava imaginando aquela boca tocando o meu... meus lábios...
Mas é claro que naquela cidade era tudo bom demais pra ser verdade...
Quando dão oito horas desaba uma tempestade.
Mesmo assim fui até a casa dela.
Cheguei todo molhado e bati a porta.
Ela atendeu com um vestidinho branco colado ao corpo e que deixava suas coxas a vista.
Uma visão do paraíso, de cima a baixo.
Ela disse que o festival havia sido cancelado por causa da chuva e pediu que eu entrasse.
Ela morava com o irmão, que estava viajando, e me emprestou roupas secas.
“Estou preparando um jantar, gosta de espaguete?”
Troquei de roupa e fui à sala de jantar.
A sala era iluminada apenas por duas velas acima da mesa, onde estava também um delicioso vinho.
A mesa de vidro permitia uma visão divina de suas pernas.
Mas nada se igualava ao gesto que ela produzia com os lábios ao puxar o macarrão.
Eu já quase não conseguia me segurar, quando ao terminar de comer ela me disse:
“A sobremesa é de cigarretes de uva, mas apenas eu poderei comer, você se importa?”
Não entendi aquilo, mas é claro que não me importava, o que eu queria comer era outra coisa.
Ela me pediu que eu pegasse a sobremesa no jarro que estava atrás de mim.
Coloquei a mão no vaso, mas a única coisa que encontrei foi uma pequena embalagem quadrada.
Retirei-a do vaso e percebi se tratar de uma camisinha, com aroma de uva.
Meu coração foi a mil.
Olhei para ela, sua língua percorreu lentamente todo o contorno de seus lábios e ela perguntou se eu poderia servi-la.
Ela permaneceu sentada, eu me levantei e fui servi-la, pela esquerda, como aprendi com o Chaves.
Só fui embora daquela cidadezinha maravilhosa na terça-feira.


***escrito originalmente em 08/05/2003

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Camisa Rosa

Muita gente tem me perguntado o motivo pelo qual eu sempre me apresento de camisa rosa. Alguns (quase todos) atiram palavras de injúria e calúnia a respeito de minha masculinidade. Na verdade a explicação para tal comportamento suspeito estava inserida no meu texto de estréia como comediante stand-up. Para sanar qualquer tipo de dúvidas coloco aqui este trecho da apresentação que não deixa dúvidas quanto a grande virilidade de um homem (de) rosa.

sábado, 6 de setembro de 2008

Dias angustiantes e tenebrosos

A mulher estava passando alguns dias em casa, em licença médica, após ter sofrido um surto pscológico. O diagnóstico apontava para uma depressão profunda com crises de mania de perseguição. Após o primeiro dia com o marido em casa este já não aguentava. Tudo que ele fazia ela o retrucava pensando que aquele ato era exclusivamente para prejudicá-la. O marido furioso não aguentou mais e saiu de casa gritando que aquela situação estava insurpotável, ele iria resolver aquilo naquele dia mesmo, não conviveria mais com uma mulher surtada!
Passadas cerca de duas horas, com a mulher sozinha em casa, toca a campainha. Ao atender ela dá de cara com um sujeito de traços latinos, chapelão e capa preta que vira-se para ela e diz:
- Buenos dias señora...io soy...paraguaio....e fui contratado por tu marido para...
- Oh não...tenha piedade de mim!!!! – gritava a mulher ajoelhada aos pés do estranho – eu juro que vou melhorar!!!!não me mate! Não me mate! Não me mate por favor! Eu não quero morrer....eu não quero morre....Eu não quero morreeeeeeeeeerrrr!!!!!!!
- Acalme-se señora...como ia dissendo...fui contratado por tu marido para acompanhá-la psicologicamente nestes dias angustiantes e tenebrossos....
- Ah...então o senhor é um psicólogo?
- Per supuesto, señora...
- Oh! Me desculpe, queira entrar...meu marido deve ter-lhe dito o quanto estou paranóica estes dias...Achei que o senhor estava aqui para me matar....
- Como é señora, para quê?
- Paranóica...será possível? Se não entende a nossa límgua por que não volta para Assunção?

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Dias de prisão

Dizem que contar azulejos ajuda. Já contei três vezes a parede e nada. Estico o braço. Apago a luz. Nada. Faço força. Nada. Me levanto. Acendo a luz. Sento. Força. Um azulejo. Dois azulejos. Três. Quatro. Força. Cinco. Seis. Sete. Força. Oito. Nove. Dez. Onze. Mais força. Mais força. Plóft! Finalmente!!! Para mim não há som melhor que este leve plóft seguido de algumas gotas de água que sobem e batem em meu corpo. Estou muito suado. Vou tomar um banho. Não agüento mais este sofrimento. Da próxima vez vou tomar um laxante.

***escrito originalmente em 11/09/2002

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Stand-up das Olimpíadas II

Taí o vídeo da apresentação no Canapé com o tema das Olimpíadas após alguns resultados dos jogos...
Isso mostra que o texto é sempre dinâmico e pode sofrer alterações/adaptações de acordo com acontecimentos recentes.
Além disso todo o repertório é renovado a cada 4 apresentações.

sábado, 30 de agosto de 2008

Year Book Yourself

Pronto. Depois da moda que atingiu a (quase) todos os usuários de orkut, msn e afins que foi se transformar em um simpson, eis que surge outra brincadeira que pela velocidade que vem se espalhando me arrisco a dizer que será a nova mania da internet nos próxmos meses.
Tudo que "vira mania" eu já olho meio torto. Reconheço que tenho certo preconceito por aquilo que faz muito sucesso mas há alguns anos percebendo isso tenho tentado avaliar as coisas tentando ignorar o quanto "na moda" ela está. Afinal nem tudo que está na moda é assim tão ruim...
Mas enfim, quando vi a proposta do site http://www.yearbookyourself.com/ não resisti a inserir uma foto minha também para ver como eu seria da década de 50 até o ano 2000 se estivesse sempre "na moda". As montagens talvez comprovem que esse negócio de andar "na moda" é realmente ruim, mas como elas ainda não viraram mania, as coloco aqui para que possam matar esta curiosidade junto comigo. Eis Bruno Berg, de 1950 a 2000:

----------------1950-----------------
----------------1952-----------------
----------------1954-----------------
----------------1956-----------------
----------------1958-----------------
----------------1960-----------------
----------------1962-----------------
----------------1964-----------------
----------------1966-----------------
----------------1968-----------------
----------------1970-----------------
----------------1972-----------------
----------------1974-----------------
----------------1976-----------------
----------------1978-----------------
----------------1980-----------------
----------------1982-----------------
----------------1984-----------------
----------------1986-----------------
----------------1988-----------------
----------------1990-----------------
----------------1992-----------------
----------------1994-----------------
----------------1996-----------------
----------------1998-----------------
----------------2000-----------------

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Barão de Coubertin

Sinto-me obrigado neste momento a publicar aqui este texto que escrevi este ano. Depois de ver o Brasil competir, competir e competir em Pequim e deste fato ocorrido ontem posto aqui este texto em homengam ao grande amigo Marcelo Cruz Vargas!

O Barão de Coubertin e o futebol brasileiro: 100 anos de exemplo no esporte

Sidney, 2000: Algumas lágrimas correm da platéia que aplaude emocionada o nadador Eric Moussambani, da Guiné Equatorial. A imagem que corre o mundo é o principal destaque daquele dia olímpico e leva a emoção aos 6 continentes para pessoas que reconhecem ali o verdadeiro espírito olímpico, o espírito esportivo. A coragem de um homem de competir em uma olimpíada em um esporte que aprendeu a menos de 6 meses, mesmo nadando sozinho em uma piscina sob o olhar atento de todos com braçadas descompassadas e terminando a prova com um tempo duas vezes e meio maior que o recorde mundial é que emociona a todos. As lágrimas que correm, os pelos que se arrepiam, o sorriso que é arrancado de quem vê aquela cena é pelo fato de ele não ter desistido, de ter seguido até o fim na busca de honrar seu nome e seu país.
Los Angeles, 1984: A suíça Gabriele Andersen adentra ao estádio olímpico cambaleante. Ela disputa a maratona e está exausta. O estádio assiste de pé seus últimos 100 metros que duram infinitos 6 minutos. Seu semblante revela que pode desabar sem consciência a qualquer momento. Porém ela não desiste e segue seu caminho cruzando em 37º lugar a linha de chegada levando ao delírio todo o estádio. As pessoas emocionadas comemoram como se acabasse de chegar ali a medalhista de ouro.
Estes são dois exemplos clássicos do chamado espírito esportivo. Exemplos como estes emocionam e demonstram que não só no esporte, mas em todos os campos de nossa vida, devemos sempre enfrentar nossas dificuldades e correr atrás de nossos objetivos.
Podemos dizer que o espírito esportivo foi fundado junto com a célebre frase “o importante é competir”, proferida por Pierre de Fredi, o Barão de Coubertin durante o discurso de abertura dos jogos olímpicos de 1908, em Londres. Ele havia ouvido a frase há cerca de um mês, em um culto na Pensilvânia e percebeu que não haveria melhor hora para utilizá-la que aquela. Portanto, este ano de 2008 é um importante ano para o esporte mundial, onde comemoramos 100 anos da instituição do espírito esportivo.
Em olimpíadas, o melhor exemplo brasileiro que encontramos para externar nesta importante data é sem dúvida o de Vanderlei Cordeiro de Lima que, mesmo sendo atrapalhado no fim da prova da maratona de 2004 e perdendo com isso duas posições, cruzou em terceiro lugar a linha de chegada pulando e comemorando aquele grande feito enquanto era saudado como o verdadeiro campeão da prova pelo público. Seu espírito esportivo foi reconhecido e ele foi agraciado com a honraria máxima concedida pelo Comitê Olímpico Internacional: a medalha Pierre de Coubertin.
No entanto não podemos falar em espírito esportivo sem citar o esporte mais popular do mundo. O grande Barão de Coubertin não sabia, mas por coincidência ou por obra do destino, naquele mesmo ano em que ele eternizava o principal bordão do esporte mundial, nasceria um clube que faria jus àquela frase. Justamente um clube destinado a disputar o esporte que viria a se tornar o mais popular e justamente no país que saberia melhor representar este esporte no mundo. Em 25 de março de 1908 nascia aquele que durante toda sua vida viria mostrar a nós brasileiros que nem sempre o mais importante é a vitória. Naquele dia nascia aquele que nos mostraria que no esporte, o que menos importa são os títulos e as conquistas. Nascia aquele que mesmo sem grandes feitos durante anos e anos continuaria ali a disputar os torneios e a mover a paixão de alguns que, mesmo sendo minoria, continuariam a aplaudi-lo e a torcer por ele, seja nos estádios, seja em frangalhos pendurados em varais. Nascia ali o Clube Atlético Mineiro, que durante cem anos vem nos ensinando que na vida e no esporte “o importante é competir”.
Parabéns ao Clube Atlético Mineiro e a todos os seus torcedores que nos ensinam a cada dia a verdadeira importância do esporte. São exemplos assim que fazem a paixão pelo esporte fazer sentido. Os Barões de Lourdes são os verdadeiros Barões de Coubertin do século XXI. Desejo a todos vocês mais 100 anos de exemplo, superação e lágrimas.

***escrito originalmente em 25/03/2008
***O Atlético Mineiro segue firme na meta de tomar 100 gols no ano dos 100 anos. E agora outra meta fica clara:
tomar mais goleadas que o número de bronzes ganho pelo Brasil em Pequim, para mostrar que nessa história de "o importante é competir" ninguém compete com eles!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Como na sexta série

esta cena me faz lembrar aquelas aulas de ciências...
a gente fazia sempre uma maquete de um vulcão.
neste momento olho para baixo e me lembro do vulcão.
a lava escorre lentamente.
é um liquido pastoso, avermelhado, com alguns pontos amarelos.
quente.
ela jorra de repente.
e vai escorrendo.
fico ali apenas admirando.
como a natureza não deixa escapar detalhes.
algumas folhinhas verdes descem junto ao liquido mostrando que sobrevivem a muito mais do que se espera.
continuo admirando, aos poucos os olhos vão fechando, a cabeça abaixando.
acabo dormindo ali mesmo.
acordo assustado.
todo o liquido já escorreu, menos o que eu prendi com rosto, que já está frio e seco grudado a ele.
me levanto, olho no espelho.
lavo o rosto, olho no espelho novamente.
a cabeça dói.
prometo pela octogésima segunda vez que não bebo mais Ascov com Del Rey Uva.
volto ao vaso e dou descarga.
a lava já diluída pela água da latrina vai-se embora.
o pior já passou.
vou dormir.
duro vai ser agüentar a ressaca amanhã.


***escrito originalmente em 01/09/2002

Luz

Todas as luzes da cidade estão apagadas. As pessoas caminham pela rua com passos largos, olhando em volta, desconfiadas. Em suas casas as luzes também não iluminam o ambiente, estão apagadas. Os carros estão nas ruas também com seus faróis apagados. Mas os transeuntes continuam a andar sem se preocupar com estes. Eles não carregam uma lanterna ou uma vela. Nada demais acontece. É apenas mais um dia de sol em uma cidade qualquer.

***escrito originalmente em 29/09/2002

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Olimpíadas de Pequim

Segue um pequeno trecho da apresentação realizada no dia da abertura das Olimpíadas (08/08/08) no SESC LACES/JK. Neste dia acabei fazendo algumas especulações sobre prováveis resultados...
Como sabemos, infelizmente nem tudo saiu como se esperava nestes jogos olímpicos e talvez a explicação para isso seja bem mais simples do que imaginamos...em breve postarei um vídeo que explicará melhor isso...

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Bus Márqui

“Bom dia senhores passageiros. Eu podia estar nas ruas para estar roubando. Eu podia estar nas ruas para estar matando. Eu podia estar nas ruas para estar usando drogas. Mas estou aqui neste ônibus para estar pedindo um minuto da atenção de vocês.”
Pausa
“Durante oito anos pude cuidar da minha mãe doente com o dinheiro que ganhava em uma empresa de cóu center, também conhecida como empresa de telemárqui. Porém quando fui estar fazendo a prova para poder estar me tornando a gerente um grave acidente ocorreu e o chefe quando viu que havia estourado disse que, além de não assumir o filho, ainda me botava pra rua se a barriga crescesse. E por isso estou aqui senhores passageiros, para estar apresentando para vocês a empresa que estive criando durante os meses de gestação para poder cuidar da minha mãe e do meu filho. Dessa maneira vocês podem estar comprando aqui o meu chicrete e minha bala através do inovador sistema da Gilcicleide Bus Márqui. Neste momento vou estar distribuindo algumas placas numeradas.”
Pausa
“Para estar adquirindo o chicrete de caixinha que custa apenas 50 centavos, levante a placa número 1”
“Para estar adquirindo a bala macia que custa apenas 50 centavos, levante a placa número 2”
“Para estar adquirindo o drops halls que custa apenas 1 real, levante a placa número 3”
“Para estar sabendo de promoções leve 3 e pague 2, levante a placa número 7”
“Para estar dando sugestões de outros produtos que gostaria que estivesse sendo oferecido, levante a placa número 8”
“Para estar falando comigo, levante a placa número 9”
“Para repetir o menu, levante a placa com o símbolo do jogo da velha”
Um rapaz no fundo do ônibus acena para Gilcicleide para que ela se aproxime.
“Senhor, antes de eu estar me dirigindo a seu assento, queira por gentileza estar levantando a placa com o número do produto solicitado”
Com um jeito sem graça o rapaz levanta a placa com o número 9. Gilcicleide se aproxima e diz:
“Gilcicleide Bus Márqui sempre inovando para melhor lhe atender bom dia com quem eu falo?”
“Eu só quero devolver as plaquetas”
“Pois não senhor, qual é seu nome?”
“Cristiano” – responde o rapaz tentado entregar-lhe as placas.
“Senhor Cristiano, o senhor poderia estar me dizendo por que não vai querer estar aproveitando a oportunidade de comprar as balas e chicrétis?”
“É que vou descer no próximo ponto”
“Pois não senhor Cristiano. O senhor teria alguma sugestão ou reclamação a fazer a respeito do serviço que lhe está sendo oferecido?”
“Não, minha senhora!! Eu só quero que você pegue as placas!!”
“Pois não senhor Cristiano. Antes de me entregar as placas gostaria de indicar algum amigo que gostaria de estar aproveitando a promoção para compra de balas e chicrétis?”
“É claro que não, não ta vendo que estou sozinho! Peraí motorista!!! É aqui que eu vou descer!!!”
Finalmente a mulher pega de volta as placas e antes do rapaz descer furioso segura seu braço e diz:
“A Gilcicleide Bus Márqui sempre inovando para melhor lhe atender agradece sua atenção e tenha um bom dia!”
Gilcicleide volta para o centro do ônibus e avista uma senhora que levanta a placa número 2.
“Pois não minha senhora, Gilcicleide Bus Márqui sempre inovando para melhor lhe atender lhe deseja um bom dia. Para estar pedindo bala macia sabor abacaxi, por favor levante a placa número 2, para estar pedindo bala macia sabor morango, por favor levante a placa número 3, para estar pedindo bala macia sabor frutas ‘críticas’, por favor levante a placa número 4”
A mulher levanta placa número 4.
“Queira aguardar um minuto, por favor”
Ela remexe a caixa e depois tira um papel do bolso. Lê atentamente e diz:
“Obrigada por ter aguardado. Infelizmente a bala macia sabor frutas ‘críticas’ está em falta no dia de hoje.”
“Então por que me entregou a placa com o número dela?”
“Senhora, nós trabalhamos com uma rígida padronização de nossos serviços para estar buscando sempre a satisfação do cliente, mais alguma dúvida?”
“Queria saber se tem a bala de morango?”
“Para estar fazendo um pedido favor levantar a placa com seu respectivo número.”
“Toma então essas placas! Não quero comprar mais nada! Enfia essas placas no....”
“Senhora, gostaria apenas de estar lembrando que trago em meu bolso um mini gravador e para a sua própria segurança esta conversa pode estar sendo gravada.”
“Então enfia na sua bolsa, mas não quero mais saber de comprar merda nenhuma!”
“Tudo bem senhora, a Gilcicleide Bus Márqui sempre inovando para melhor lhe atender agradece sua atenção e tenha um bom dia!”
Gilcicleide volta para o centro do ônibus e aguarda durante mais três minutos. Então ela olha o relógio, tira uma calculadora do bolso, faz algumas contas e diz:
“Caros senhores passageiros, como não houveram mais pedidos, estarei passando nos assentos para recolher as placas juntamente com a tarifa de três reais e vinte e três centavos...”
“Como assim tarifa? Você pirou?”- grita um jovem no fundo do ônibus.
“É simples meu senhor: estou há sete minutos dentro do ônibus, o que pela tarifa de trinta e sete centavos por minuto mais impostos descrita nestas letras pequenas no verso da placa com o símbolo do jogo da velha dá a quantia de três reais e vinte e três centavos para cada pessoa que esteve em poder das placas durante este tempo.”
Enquanto era jogada para fora do ônibus em movimento pelos passageiros, Gilcicleide ainda tentava argumentar:
“Acalmem-se senhores, estou apenas cumprindo o regulamento. Estou apenas fazendo o meu trabalho....”


***escrito originalmente em 09/09/2005

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Teaser Queijo, Comédia e Cachaça

Finalmente no ar o teaser de divulgação do nosso grupo com alguns trechos do nosso primeiro texto apresentado no bar Canapé.



Continuamos lá, toda terça-feira a partir das 20 horas e já na próxima semana com texto totalmente novo e que será renovado a cada 4 apresentações.

domingo, 10 de agosto de 2008

Motivos para comemorar

O grupo Queijo, Comédia e Cachaça está cheio de motivos para comemorar. Primeiramente pela bela apresentação da última sexta-eira no auditório do SESC LACES/JK. Tivemos uma boa presença de público e conseguimos todos apresentar com tranquilidade um material novo, diferente do que estamos apresentando no Canapé . Aproveito para lembrar àqueles que ainda não foram nos ver que esta terça-feira será a última onde apresentaremos nossos textos de estréia e também a última cuja entrada será franca (a partir do dia 19 de agosto será cobrado couvert promocional de R$3,00).

Além disso, no último sábado, dia 9 de agosto, fomos citados no caderno cultural do jornal Estado de Minas, na coluna "Hit" de Helvécio Carlos. Agradeço imensamente a ele que além disso ainda publicou em primeira mão o teaser de divulgação do grupo em seu blog no portal uai. Em breve este teaser também estará aqui neste blog e no youtube.

Isso tudo sem contar o belo elogio recebido de meu grande amigo, arquiteto, desenhista, chargista e sofredor Marcelo Vargas em seu blog Copo Sujo, que compareceu em nossa última apresentação.

Esperamos crescer cada vez mais. E para isso contamos com a presença, o elogio e a crítica sincera de cada um de vocês, pois só assim iremos nos aperfeiçoar cada vez mais nesta arte de fazer rir. Mais uma vez, obrigado a todos!

domingo, 3 de agosto de 2008

Coisas que irritam

Sempre me achei um cara muito calmo, difícil de ser irritado. Mas como toda pessoa várias coisas me irritam. Coisas pequenas do dia a dia, que não chegam a alterar a vida de ninguém, mas que no momento em que ocorrem você sempre imagina como o mundo seria melhor sem aquilo. Certo dia comecei então a pensar o que me irrita, e também o que irrita a maioria das pessoas.
Mentira, violência, injustiça, dissimulação. Tá bom...não é disso que quero falar. Seria muito óbvio, chegando a ser clichê.
Preconceito. Isso sim irrita. "peraí, isso também é clichê mané!" Calma lá, estou falando dos pequenos preconceitos que temos e sofremos a cada minuto da nossa vida. E como diria o grande poeta decorar: "se for decoração, pode até parecer clichê..." Por exemplo, você recebe um e-mail de Bruno Berg e vê que é um texto. Aí já começa a ler pensando preconceituosamente: "deixa eu ver só o inicinho, deve ser mais um daqueles textos chatos sobre futebol...". Preconceito seu, que além de preconceituoso deve ser atleticano e sofredor (outro preconceito meu, tá bom, desculpa....). Se pararmos bem pra pensar deixamos de fazer muita coisa por puro preconceito. E se você percebe isso em alguém (porque em nós mesmos a gente não percebe) é irritante. Como é um saco ficar tentando convencer alguém de que aquele bar é bom, sendo que ele acha ruim porque o amigo do vizinho dele foi lá uma vez na segunda-feira de tarde e só tinha "uma meia dúzia de gatos pingados".
Mas tem mais coisas que irritam. O já clássico bacon mal distribuído no sanduíche é completamente irritante. Pense bem: você está com fome no meio da madrugada e para em um trailer. Observa o cardápio enquanto sente aquele cheiro de gordura temperada ao bacon. Não resiste então a pedir o X-egg-bacon-burguer duplo com molho especial, "e no capricho hein!". Espera cerca de 10 minutos até chegar a você aquele sanduíche maravilhoso. Aí começa a comer e nota que não sente o gosto do bacon. É claro pois ele está todo achatado no fundo do sanduíche. Aí quando chega lá parece que você está comendo bacon puro, com aquele gosto forte e enjoativo. Porra! Por que cargas d’água o bacon não vem bem distribuído por todo o sanduíche? Antigamente era o que ocorria no saudoso Renato's Burguer e talvez aquele fosse o seu diferencial. Hoje ao ir lá (já não sendo mais o Renato) o bacon vem atochado no fim. Não que o sanduíche não seja delicioso mas...como seria melhor se o bacon estivesse bem distribuído...
Outra coisa que irrita. Gozar os amigos quando o assunto é futebol é uma coisa normal e não há problema algum em receber algumas gozações quando meu time está na pior. Mas o irritante é aquele cara (ou mulher) que odeia futebol. Você começa a falar de futebol e ele(a) já começa a achar ruim. Beleza, a gente evita o assunto então quando ele(a) estiver por perto. Até que certo dia seu time toma de 8 a 2 e você resolve sair com o pessoal. Aí chega o(a) mané e solta: "e seu time hein? melhor você torcer pra outro...o meu ganhou você viu?" Vai pra putaquiupariu seu merda!!! Se não gosta de futebol não vem me torrar a paciência!!! Aí você puto xinga o(a) cara e ele ainda solta: "tá vendo, é por isso que eu não gosto de futebol...vocês levam muito a sério, não pode nem brincar..."...Não precisa comentar mais nada né?
Outra coisa que irrita é o Murphy. Esse cara era muito filha da puta. Devia ser um filhinho de papai escroto e poderoso que para sacanear os amigos criou uma lei idiota que se perpetuou por toda a eternidade. No dia que inventarem uma máquina do tempo tenho vontade de usá-la só pra voltar e dar um porrada nesse sujeito.
Mas o que mais irrita e irrita mesmo são as pessoas que atravessam a rua na diagonal. Putaquipariu!! Será tão difícil assim traçar uma linha reta perpendicular à faixa e seguí-la até o outro lado da rua??? Por que sempre aquela mulher cheia de sacolas tem que atravessar em diagonal e entrar sua frente fazendo você quase trombar nela, tendo que frear e quase ser atropelado pelo carro que já vem passando? Imagina o caos que seria se ninguém seguisse as faixas no trânsito (talvez isso explique porque todo mundo odeia os motoqueiros). Será que não dava pra seguir esta mesma lógica para os pedestres? E têm aqueles que além de atravessar na diagonal ainda ficam andando no passeio lotado do centro como se tivessem passeando no parque. Ou então ficam parando no meio da rua pra olhar a vitrine. Talvez muitos de vocês não tenham reparado nisso ainda, mas podem ter certeza de que o mundo seria muito menos estressante e violento se as pequenas coisas que nos irritam não ocorressem, ou seja, não atravessar as ruas na diagonal é o primeiro passo em busca da tão sonhada paz mundial!
E não irritem com comentários idiotas, por favor...

***escrito originalmente em 02/01/2005

sábado, 2 de agosto de 2008

Apresentação Especial SESC LACES/JK

Pessoal,
eu e todo o grupo Queijo, Comédia e Cachaça agradecemos a todos os que foram em nossas apresentações no Canapé. Casa lotada nas duas primeiras apresentações nos dão bastante motivação para continuar e chamamos a todos para comparecerem também nesta próxima sexta-feira, dia 08 do mês 08 de 2008, às 08 da noite, no SESC LACES/JK, na rua dos Caetés, 603, esquina com São Paulo no centro de Belo Horizonte.

A apresentação será diferente da que é feita no bar, com textos e piadas inéditas. A entrada é 1 kg de alimento não perecível para o Programa Mesa Brasil. O auditório possui capacidade para cerca de 250 pessoas e contamos com a presença de todos para encher o local, pois as imagens farão parte do DVD do grupo que será editado para divulgação.

Vamos lá gente! Vamos encher a casa e trazer de vez o stand-up comedy para a cena cultural de Belo Horizonte!

domingo, 27 de julho de 2008

Estréia Queijo, Comédia e Cachaça

A estréia do grupo Queijo, Comédia e Cachaça não poderia ter sido melhor. Casa cheia, ou melhor, casa mais que cheia. O Bar Canapé possui aproximadamente 150 lugares e por isso as cerca de 200 pessoas presentes tiveram de se espremer para acompanhar as apresentações de Ranieri Lima, Edgar Quintanilha, Arthur Ottoni, Paloma Santos, Bruno Berg e Gabriel Freitas. Mesmo com algumas pessoas de pé e outras em cadeiras colocadas fora das mesas a resposta do público foi bastante positiva e os diversos elogios recebidos nos fazem acreditar ainda mais neste trabalho que estamos iniciando.
Vencer o nervosismo da estréia não foi tarefa fácil, ainda mais com presença tão ilustre na platéia (ver vídeo abaixo), e a boa receptividade do público presente foi fundamental. Agradeço a cada um dos que lá estiveram e especialmente ao Alemão Christian e ao Pakoty, que abriram o espaço do Canapé para que a gente pudesse por em prática este nosso projeto.
A luta agora é para dar seqüência neste bom começo para que consigamos atingir nosso objetivo, que é inserir a comédia stand-up no cotidiano do belorizontino.



As apresentações continuam ocorrendo toda terça-feira às 20 horas no Bar Canapé, na Rua Major Lopes, 470, Bairro São Pedro, próximo ao Pátio Savassi, em Belo Horizonte. Uma apresentação especial ocorrerá no dia 8 de agosto, também às 20 horas (08/08/08 as 08 da noite), no auditório do SESC, na esquina entre as ruas São Paulo e Caetés, no centro de BH.

sábado, 26 de julho de 2008

A chuva, o jardim, o cão

Uma chuva fina cai. Pequena garoa de verão sem maiores conseqüências. Mas o suficiente para me fazer não sair debaixo do teto da varanda, de onde observo o pequeno jardim. Poucas flores mal-cuidadas fazem com que ele não seja a melhor visão que poderia haver, mas é o que há. Um pequeno vira-latas aparece, com os pelos brancos sujos e molhados. Acha agradável o tocar de sua pata na terra úmida do jardim e por ali resolve ficar, aproveitando também um pouco da proteção das folhas da pequena árvore contra as gotas d´água que caem sobre ele. Continuo ali a observar o jardim. Agora observo mais o pobre cachorrinho, com uma expressão de sofrimento, de solidão. Então ele se levanta, deixa as patas de trás levemente flexionadas e deixa sua cauda bem levantada. Agora com expressão de força, ele começa a expelir de sua cavidade anal os restos naturais do que comeu ainda mais cedo. De seu orifício aos poucos vai apontando uma substancia não muito sólida, mas com consistência suficiente para que esta saia em apenas um bloco e vá tocando levemente o chão tomando a forma de um caracol, enquanto são expelidos alguns sons como se estourassem bolhas ao mesmo tempo em que a substância marrom-esverdeada ia trocando de ambiente. A chuva então aperta e o cão sai correndo a procura de um abrigo melhor. A chuva fica tão forte que faz com que terra e fezes se tornem um a coisa só. Então ali brota uma planta. Ela vai crescendo e posso notar se tratar de uma rosa. Seu botão ainda fechado, espera ansioso o momento de se abrir. O jardim agora está mais belo. Já faz mais de uma semana que a chuva não para, mas agora tenho uma vista mais privilegiada que a de antes. A chuva continua forte e vem uma pessoa correndo tentando inutilmente não se molhar muito. Assim ele vem sem olhar onde pisa e acaba por destruir a rosa que ali nascera.

***escrito originalmente em 30/03/2002