domingo, 27 de julho de 2008

Estréia Queijo, Comédia e Cachaça

A estréia do grupo Queijo, Comédia e Cachaça não poderia ter sido melhor. Casa cheia, ou melhor, casa mais que cheia. O Bar Canapé possui aproximadamente 150 lugares e por isso as cerca de 200 pessoas presentes tiveram de se espremer para acompanhar as apresentações de Ranieri Lima, Edgar Quintanilha, Arthur Ottoni, Paloma Santos, Bruno Berg e Gabriel Freitas. Mesmo com algumas pessoas de pé e outras em cadeiras colocadas fora das mesas a resposta do público foi bastante positiva e os diversos elogios recebidos nos fazem acreditar ainda mais neste trabalho que estamos iniciando.
Vencer o nervosismo da estréia não foi tarefa fácil, ainda mais com presença tão ilustre na platéia (ver vídeo abaixo), e a boa receptividade do público presente foi fundamental. Agradeço a cada um dos que lá estiveram e especialmente ao Alemão Christian e ao Pakoty, que abriram o espaço do Canapé para que a gente pudesse por em prática este nosso projeto.
A luta agora é para dar seqüência neste bom começo para que consigamos atingir nosso objetivo, que é inserir a comédia stand-up no cotidiano do belorizontino.



As apresentações continuam ocorrendo toda terça-feira às 20 horas no Bar Canapé, na Rua Major Lopes, 470, Bairro São Pedro, próximo ao Pátio Savassi, em Belo Horizonte. Uma apresentação especial ocorrerá no dia 8 de agosto, também às 20 horas (08/08/08 as 08 da noite), no auditório do SESC, na esquina entre as ruas São Paulo e Caetés, no centro de BH.

sábado, 26 de julho de 2008

A chuva, o jardim, o cão

Uma chuva fina cai. Pequena garoa de verão sem maiores conseqüências. Mas o suficiente para me fazer não sair debaixo do teto da varanda, de onde observo o pequeno jardim. Poucas flores mal-cuidadas fazem com que ele não seja a melhor visão que poderia haver, mas é o que há. Um pequeno vira-latas aparece, com os pelos brancos sujos e molhados. Acha agradável o tocar de sua pata na terra úmida do jardim e por ali resolve ficar, aproveitando também um pouco da proteção das folhas da pequena árvore contra as gotas d´água que caem sobre ele. Continuo ali a observar o jardim. Agora observo mais o pobre cachorrinho, com uma expressão de sofrimento, de solidão. Então ele se levanta, deixa as patas de trás levemente flexionadas e deixa sua cauda bem levantada. Agora com expressão de força, ele começa a expelir de sua cavidade anal os restos naturais do que comeu ainda mais cedo. De seu orifício aos poucos vai apontando uma substancia não muito sólida, mas com consistência suficiente para que esta saia em apenas um bloco e vá tocando levemente o chão tomando a forma de um caracol, enquanto são expelidos alguns sons como se estourassem bolhas ao mesmo tempo em que a substância marrom-esverdeada ia trocando de ambiente. A chuva então aperta e o cão sai correndo a procura de um abrigo melhor. A chuva fica tão forte que faz com que terra e fezes se tornem um a coisa só. Então ali brota uma planta. Ela vai crescendo e posso notar se tratar de uma rosa. Seu botão ainda fechado, espera ansioso o momento de se abrir. O jardim agora está mais belo. Já faz mais de uma semana que a chuva não para, mas agora tenho uma vista mais privilegiada que a de antes. A chuva continua forte e vem uma pessoa correndo tentando inutilmente não se molhar muito. Assim ele vem sem olhar onde pisa e acaba por destruir a rosa que ali nascera.

***escrito originalmente em 30/03/2002

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O poema do mamão papaia

Este é o poema
"O Poema do Mamão Papaia"
Este poema
"O Poema do Mamão Papaia"
Também poderia ser chamado
De "O Poema Sem Título"
Ou até mesmo
De "Ode ao Infinito"
Mas preferi chamá-lo
De "O Poema do Mamão Papaia"


***escrito originalmente em 14/10/2005

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Amor e ódio

não sei como pude um dia acreditar em você...
como fui burro...
como fui tolo...
ingênuo...enganado...
justo você...
que se dizia uma pessoa tão boa..
hoje sei que não passa de uma farsa...
essa sua "bondade" não me engana mais...
esse seu personagem criado...
criado para de mim tirar dinheiro
e eu que passava minha vida tentando te agradar...
como me arrependo...
quantas coisas deixei de fazer por você...?
esperando um dia ter alguma recompensa...
quantas noites passei acordado te esperando...?
e você não aparecia...
e eu tonto te perdoava...
afinal você sempre foi uma pessoa muito "ocupada"...
mas agora que sei de sua falsidade
tudo que quero é te esquecer
se um dia eu te amei...
hoje te enojo...te odeio...
nada que alguém disser me fará acreditar em você novamente
esse papo de bom velhinho não me convence mais
para mim você morreu Papai Noel...


***escrito originalmente em 11/01/2004

sábado, 19 de julho de 2008

A origem do picolé - capítulo 6/6

Gel ficou cerca de 1 mês sem produzir sorvete. Ele não conseguia comprar o gelo de outro fornecedor. Rickson sempre foi seu parceiro. Mas os clientes reclamavam e Gel tinha que continuar sua vida e voltou a produzir o sorvete. Lembrou-se então da idéia que o amigo lhe dera antes de morrer. Novamente procurou o cacique da tribo de Daiporá para lhe ajudar a usar o princípio ativo do gel em seus sorvetes, a fim de que estes durem mais tempo. Após algumas semanas de pesquisas e experimentos, Gel conseguiu fazer com que seu sorvete se tornasse mais sólido. Como o princípio era o mesmo do gel, Gel começou a chamar seu novo invento de “filho do gel”, apenas como brincadeira e o vendia preso em palitos, para que as pessoas não sujassem suas mãos. O cacique que o ajudou batizou o invento de picolé ("fruta refrescante e geladinha que é tomada no palito", na língua tipu-aimoré). Mas de tanto chamar o picolé de “filho do gel”, Gel teve uma idéia pra homenagear seu amigo inglês que deu a idéia inicial para a criação do "sorvete enrijecido". Então gel batizou seus picolés com o nome de Gelson, o filho do gel. Os picolés da Gelson ficaram famosos e eram adorados por todos. Foi assim que Gel entrou para a história da humanidade e assim foi criado o picolé. E até os dias de hoje a Gelson é a maior marca de picolés de Vila Velha e do Espírito Santo. Com o passar dos anos e a mudança de donos, além da atualização da língua portuguesa, a grafia da marca Gelson mudou, mas o "Picolé da Gelson" continua sendo o primeiro, o original, o mais refrescante e saboroso picolé do mundo!

***escrito originalmente em 26/01/2003
**a Ajelso é a marca de picolé mais tradicional de Vila Velha-ES. Desde criança visitando meus parente por lá sempre ouvi os gritos pela praia de "pí-colé da jeeeeeeeeeeelsô!!!"

quinta-feira, 17 de julho de 2008

A origem do picolé - capítulo 5/6

O comércio de roupas já não dava tanto lucro para Rickson, então ele começou a comercializar outros produtos. E começou a trazer gelo em seu navio, que era retirado das geleiras e trazido conservado em sal. Gel adorava o gelo. Em Vila Velha fazia muito calor e Gel o usava nos sucos, água e tudo mais para se refrescar. Gel então criou o sorvete, misturando a essência das frutas ao gelo trazido por Rickson. O sorvete se tornou um grande sucesso, mas tinha um grande problema: depois de pronto não podia mais ser conservado em sal, portanto ele tinha que ser consumido logo em seguida. E como a demanda por sorvete estava aumentando muito, Gel não conseguia produzir todo o sorvete necessário. Ele queria criar algo para enrijecer o sorvete para que pudesse durar mais. Assim ele produziria vários sorvetes e poderia vendê-los depois, quando os clientes chegassem, o que facilitaria seu trabalho. Numa certa noite Rickson deu uma idéia para Gel. Ele sugeriu que ele usasse o princípio ativo do gel de cabelo, para enrijecer o sorvete. Gel gostou da idéia e disse que no dia seguinte começaria a trabalhar duro em cima disso. Mas naquela noite, ao voltar para seu navio (Rickson dormia no navio, que ficava atracado no cais) o melhor amigo e companheiro de Gel foi surpreendido. Alguns piratas o haviam invadido. Quando ele chegou os piratas ainda estavam lá, retirando toda a sua mercadoria. Ao reagir, Rickson foi covardemente morto, teve seu corpo partido ao meio e foi jogado ao mar. Na manhã seguinte, ao chegar na praia, Gel encontra apenas a parte superior do corpo do amigo. Desesperado Gel o abraçava, chorava, gritava. Ele não podia se conformar com aquilo. Gel enterrou o corpo e prometeu de alguma maneira homenagear o amigo, que sempre esteve ao seu lado e sempre lhe deu boas idéias.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A origem do picolé - capítulo 4/6

Certo dia Rickson chegou da Europa com uma novidade incrível. Trouxe um tecido enrijecido, que era usado nas roupas que ficavam por baixo das armaduras dos guerreiros que lutavam nas guerras. E pensando em Gel, ele pesquisou qual o produto que era usado naquelas vestimentas. Trouxe então a pesquisa química completa sobre a propana-lauril, que era usada para enrijecer as vestes. Gel leu e releu diversas vezes o estudo e resolveu procurar alguma planta com aquele mesmo princípio ativo. Para isso foi procurar ajuda na tribo de sua mãe, onde os índios o tratavam como rei, por ser o maior jogador de chaveta da história (maior até que o próprio herói Poranga). Com a ajuda do cacique Gel encontrou nas árvores da mata a solução para seu problema. Após elevar a temperatura rapidamente da seiva das árvores e resfriá-la em seguida, ela adquiria características perfeitas para seu novo invento. Seu sonho estava sendo realizado. Era só misturar mais alguns elementos e ele tinha um produto que deixava seu cabelo como queria. Todos que o viam queriam saber como ele havia feito aquilo e pediam para ele um pouco do produto para poderem usar também. Gel então resolveu montar um comércio para trabalhar com aquilo, o que poderia lhe render um bom dinheiro. Este era seu maior invento e Rickson sugeriu que ele batizasse com um nome que fizesse com que sempre se lembrasse quem foi seu inventor. Nasceu então o gel de cabelo. Todos queriam usar o produto, mas Gel ainda tinha mais contribuições a dar para a humanidade.

sábado, 12 de julho de 2008

A origem do picolé - capítulo 3/6

Gel andava como os nativos da terra. Apenas um pedaço de pano amarrado na cintura. Cabelo nos ombros. Gel era branco como seu pai, mas tinha os cabelos da mãe, mas um pouco mais claros, que estavam sempre atrapalhados por causa da brisa que estava sempre batendo nele. Gel estava sempre na praia. Seja jogando bolinha de grude, seja inventando coisas novas. Outro invento seu foi a o short. Cansado de ter que ficar apertando o nó do pano que envolvia sua cintura, o criou cortando calças. Um invento simples, mas um invento. O nome foi dado por um amigo de Gel, o Rickson, um marinheiro inglês que vinha ao Brasil comprar algodão e vender vestimentas. Rickson era filho do grande navegador Rick Edward Nickolas Watson, desbravador das ilhas Iupaques, que ficam a 82 milhas da costa oeste da África. Rickson, apesar de não estar sempre presente, se tornou o melhor amigo de Gel. Quando estava no Brasil, faziam tudo juntos. E Rickson conhecia muito bem Gel, tanto que nunca brincava a respeito da coisa que mais irritava ele: Gel odiava a maneira que seus cabelos ficavam por causa do constante vento da praia. Por mais que ele o arrumasse, o penteasse, Gel não conseguia deixá-lo como queria. Gel não comandava seu cabelo, eles ficavam da maneira que eles queriam. E isso irritava profundamente Gel, principalmente quando ouvia alguma piada. Mas ele não tinha coragem de cortar seus cabelos, pois estes eram o único laço que o ligava à sua mãe. Rickson ajudava Gel a criar alguma coisa que fizesse seu cabelo ficar no lugar, procurando novos produtos que apareciam pelo mundo, quando saía a navegar. Gel tentou o próprio grude, que ele usava nas pedras de chaveta, mas depois para retirar do cabelo era muito complicado e deixava o cabelo com uma textura muito esquisita, de acordo com Gel, que não quis mais tentar este produto como solução para seu problema. Mas Gel era persistente e sabia que tinha capacidade de criar algo que aliviasse sua angústia. Um dia ele conseguiria.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

A origem do picolé - capítulo 2/6

Argel, ou melhor, Gel, como era conhecido por todos nas redondezas, era um garoto muito inteligente e habilidoso. Desde criança já fazia e inventava várias coisas. Aos oito anos de idade já dava show de chaveta em qualquer cacique que se metesse a besta de enfrentá-lo. E sua primeira invenção foi justamente um aprimoramento do jogo, lapidando bem as pedras, completando com areia e grude, se necessário, deixando-a esférica, o que fazia com que ela ganhasse mais velocidade pelo pouco atrito com o solo e após tocar na pedra adversária acabava por rolar para fora do círculo, não permitindo ao adversário tomar-lhe a pedra na jogada seguinte. Ele foi crescendo e a chaveta foi ficando cada vez mais popular entre os moradores de Vila Velha e com o tempo o jogo já era conhecido em todo o Brasil. Mas o homem branco não entendia o porque de o jogo se chamar chaveta ("pedras brilhantes que se batem no solo", na língua tipu-aimoré) e popularizou o nome do jogo também. A chaveta já não era mais jogada com pedras comuns, mas sim com as bolinhas envoltas de areia e grude criadas por Gel. Assim o jogo era conhecido pelo país como "jogo de bolinha de grude". Após quase trezentos anos, as regras e o nome do jogo tiveram pequenas alterações, mas até hoje vemos crianças se divertindo jogando a secular e tradicional chaveta, uma das poucas heranças indígenas presentes na cultura brasileira.

terça-feira, 8 de julho de 2008

A origem do picolé - capítulo 1/6

O jovem Argel da Silveira Carneiro Tucanara, em 1782 tinha 23 anos. Seu pai era um aventureiro português que veio em busca de fortuna para o Brasil. E encontrou a fortuna, por pura sorte, assim como encontrou uma paixão inesquecível. Ao chegar no Brasil se deparou logo com um grupo de índios. Dentre eles a bela e jovem (e nua) Daiporá. Com ela, Manoel da Silveira Carneiro conheceu o amor verdadeiro. E com ela Manoel conheceu a fortuna, ao descobrir que os índios guardavam na tribo quilos e quilos de ouro e pedras que eles acreditavam ser apenas umas pedrinhas criadas pelos deuses para jogar chaveta (jogo indígena, criado pelo herói Poranga onde eles arremessavam suas pedras dentro de um círculo e tentavam retirar de lá as pedras dos adversários). Manoel viveu por três anos na tribo de Daiporá. E teve que sair expulso, após a morte de Daiporá no parto de Argel. De acordo com a tradição da tribo, se a mulher morreu no parto, o filho não era digno de habitar aquele recinto. E também o pai não merecia mais fazer parte do grupo, pois não soube conceber bem o filho. Assim, os dois foram expulsos, Argel recém-nascido e Manoel apenas com a pouca roupa do corpo e a coleção completa de pedrinhas de chaveta que os caciques disseram para ele levar e ensinar a arte daquele jogo ao filho, que se aprendesse a jogar como um verdadeiro índio, poderia, quando crescido, voltar à tribo. Manoel vendeu parte do ouro e montou um comércio na vila ao lado do porto onde atracou em 1756, conhecida como Vila Velha. E batizou seu filho com o nome do pai, Argel, seu sobrenome, Silveira Carneiro e com o nome que Daiporá havia dito querer a seu filho, Tucanara, que significa "inventor de refrescância" na língua tipu-aimoré, da tribo da falecida. Não sabia Manoel que este nome de batismo selaria o futuro de Argel e o faria entrar para a história da humanidade, como veremos mais a seguir.

domingo, 6 de julho de 2008

Clássico é Clássico (e vice-versa)

São muitas pessoas sobre aquele tapete.
Todas têm o mesmo objetivo.
O jogo começa quente.
Todos se mexem, vibram.
A gritaria é constante.
Ele pega nela com carinho.
Passa pelo primeiro.
O segundo fica no chão.
Toca por cima de outro.
Alguns tentam pegá-lo por trás, mas ele escapa.
Toca por entre as pernas de mais um.
E entra com bola e tudo.
Não há palavras para descrever.
Todos gritam de alegria.
De emoção.
De conquista.
De deleite.
De prazer.
E não se contentam e pedem:"Mais um! Mais um!"
E toda semana é assim.
Já são clássicas as surubas de domingo.

***escrito originalmente em 21/10/2002

sábado, 5 de julho de 2008

Madrugada Fria

madrugada fria...poucas pessoas nas ruas. As cabeças costumam se esquentar com freqüência.
madrugada fria...silencio. o som da cerveja batendo na caneca é o único que se ouve. momento de tensão. a fumaça dos cigarros da terra sobem esquentando a madrugada. olhos nos olhos. Ouvem-se gritos. São 2. a tensão aumenta. 3 contra 2 é covardia! não importa. 3 caem em cima. as pessoas em volta apenas olham e se olham. não há o que fazer. Cai a rainha, em vão. Cai o rei, mas nada pode fazer. Soldados montados agora vem dos dois lados. um homem grita e tira sua espada! todos o olham. é o vencedor. silêncio. todos já esperam sua vitória. é quando surge um grito de seis. será a virada? silêncio. tensão. o 4 de paus cai na mesa. a partida termina. a gritaria é geral. a próxima cerveja é por conta do perdedor.



***escrito originalmente em 18/08/2002

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Queijo Comédia e Cachaça


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Grupo Mineiro de Comédia Stand-up formado por Arthur Ottoni, Bruno Berg, Edgar Quintanilha, Gabriel Freitas, Paloma Santos e Ranieri Lima