terça-feira, 8 de julho de 2008

A origem do picolé - capítulo 1/6

O jovem Argel da Silveira Carneiro Tucanara, em 1782 tinha 23 anos. Seu pai era um aventureiro português que veio em busca de fortuna para o Brasil. E encontrou a fortuna, por pura sorte, assim como encontrou uma paixão inesquecível. Ao chegar no Brasil se deparou logo com um grupo de índios. Dentre eles a bela e jovem (e nua) Daiporá. Com ela, Manoel da Silveira Carneiro conheceu o amor verdadeiro. E com ela Manoel conheceu a fortuna, ao descobrir que os índios guardavam na tribo quilos e quilos de ouro e pedras que eles acreditavam ser apenas umas pedrinhas criadas pelos deuses para jogar chaveta (jogo indígena, criado pelo herói Poranga onde eles arremessavam suas pedras dentro de um círculo e tentavam retirar de lá as pedras dos adversários). Manoel viveu por três anos na tribo de Daiporá. E teve que sair expulso, após a morte de Daiporá no parto de Argel. De acordo com a tradição da tribo, se a mulher morreu no parto, o filho não era digno de habitar aquele recinto. E também o pai não merecia mais fazer parte do grupo, pois não soube conceber bem o filho. Assim, os dois foram expulsos, Argel recém-nascido e Manoel apenas com a pouca roupa do corpo e a coleção completa de pedrinhas de chaveta que os caciques disseram para ele levar e ensinar a arte daquele jogo ao filho, que se aprendesse a jogar como um verdadeiro índio, poderia, quando crescido, voltar à tribo. Manoel vendeu parte do ouro e montou um comércio na vila ao lado do porto onde atracou em 1756, conhecida como Vila Velha. E batizou seu filho com o nome do pai, Argel, seu sobrenome, Silveira Carneiro e com o nome que Daiporá havia dito querer a seu filho, Tucanara, que significa "inventor de refrescância" na língua tipu-aimoré, da tribo da falecida. Não sabia Manoel que este nome de batismo selaria o futuro de Argel e o faria entrar para a história da humanidade, como veremos mais a seguir.

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