segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Naquela cidade

“não tenho estado muito em casa ultimamente
nem me lembro quanto tempo faz
aprendi a não olhar pra trás.

eu conto as horas que passam
eu conto estrelas no céu
na solidão das noites sem graça
nos quartos de hotel
?como se chama essa cidade?
?como se chama a atenção?
de uma cidade que dorme
enquanto a gente, infelizmente, não?”


Quanto tédio.
Já amanheceu faz tempo e “Quartos de Hotel” não sai da minha cabeça.
Também pudera...onde já se viu cidade mais fodida!?!
Me mato de trabalhar para terminar tudo na quinta, arrumo minhas coisas e vou pra rodoviária.
Mas onde já se viu?
Só tem passagem pra capital no sábado e na terça de manhã!
O que vou fazer nessa cidadezinha de merda até amanhã?
Já passam das onze da manhã e eu continuo aqui, deitado na cama desse quarto de hotel arrotando o suco de mamão que tomei naquele café da manhã “suculento”, como está escrito na placa do lado de fora.
Deve ser porque só tem suco essa porra!
Só não sei onde entra o lento...hehe
Disse isso porque me lembrei da cena de abertura do “Ed Mort”, onde ele explica para o molequinho o que é um “breakfast”.
Mas isso não vem ao caso.
Agora são onze e quarenta e já vai começar o Chaves.
Ao menos por meia hora terei o que fazer...
Rá!Rá! Adoro estes episódios no restaurante.
Ainda mais com o “Seu” Jaiminho...
E eu aqui...tentando evitar a fadiga...
Este episódio (assim como os outros) é ótimo, com o Chaves aprendendo na marra que as coisas são servidas pela esquerda e retiradas pela direita, inclusive as moscas...
Haha! Chaves também é cultura!
Poxa! Já acabou?
É...o que é bom passa rápido...agora tem o Alterosa Esporte.
To sem paciência pra assistir...é sempre a mesma coisa:
“Cruzeiro vence mais uma e galo aumenta a crise...”
Já ta perdendo a graça...
Vou sair pra almoçar.
Espero que os restaurantes não estejam “fechados para almoço” nessa roça.
“A verdadeira comida mineira!”
Este aqui deve ser bom...
Bom...pelo menos a garçonete é boa demais!
A primeira mulher de verdade que eu vejo por aqui...
Corpo escultural,"peitinhos de pitomba",olhos verdes...
Sem falar naquela boca...
Carnuda, hipnotizante, fazendo a imaginação fluir...
Ela veio me servir e se abaixou à minha direita quase colando seu imenso decote em meus olhos.
Provavelmente ela não assiste ao Chaves...
A comida estava bem mais ou menos, mas a troca de olhares que mantive com aquele ser perfeito durante minhas garfadas fez com que eu nem sentisse o gosto daquela couve mal-cheirosa.
Antes de sair perguntei a ela o que se fazia sexta à noite na cidade.
Ela disse que hoje teria um festival de dança.
Odeio dançar!
Ela perguntou se eu gostava.
Adoro! - respondi.
Disse que não conhecia ninguém ali e perguntei se podia ir com ela.
Aqueles lábios maravilhosos abriram um sorriso lindo e ela disse que seria um prazer.
Disse que morava na casa ao lado do restaurante e que eu passasse lá às nove horas.
Contei os minutos durante a tarde.
Aquele quarto de hotel já não era tão ruim...
Tentei dormir, mas não conseguia.
Estava tão excitado que tive de tomar cinco banhos gelados.
Ficava imaginando aquela boca tocando o meu... meus lábios...
Mas é claro que naquela cidade era tudo bom demais pra ser verdade...
Quando dão oito horas desaba uma tempestade.
Mesmo assim fui até a casa dela.
Cheguei todo molhado e bati a porta.
Ela atendeu com um vestidinho branco colado ao corpo e que deixava suas coxas a vista.
Uma visão do paraíso, de cima a baixo.
Ela disse que o festival havia sido cancelado por causa da chuva e pediu que eu entrasse.
Ela morava com o irmão, que estava viajando, e me emprestou roupas secas.
“Estou preparando um jantar, gosta de espaguete?”
Troquei de roupa e fui à sala de jantar.
A sala era iluminada apenas por duas velas acima da mesa, onde estava também um delicioso vinho.
A mesa de vidro permitia uma visão divina de suas pernas.
Mas nada se igualava ao gesto que ela produzia com os lábios ao puxar o macarrão.
Eu já quase não conseguia me segurar, quando ao terminar de comer ela me disse:
“A sobremesa é de cigarretes de uva, mas apenas eu poderei comer, você se importa?”
Não entendi aquilo, mas é claro que não me importava, o que eu queria comer era outra coisa.
Ela me pediu que eu pegasse a sobremesa no jarro que estava atrás de mim.
Coloquei a mão no vaso, mas a única coisa que encontrei foi uma pequena embalagem quadrada.
Retirei-a do vaso e percebi se tratar de uma camisinha, com aroma de uva.
Meu coração foi a mil.
Olhei para ela, sua língua percorreu lentamente todo o contorno de seus lábios e ela perguntou se eu poderia servi-la.
Ela permaneceu sentada, eu me levantei e fui servi-la, pela esquerda, como aprendi com o Chaves.
Só fui embora daquela cidadezinha maravilhosa na terça-feira.


***escrito originalmente em 08/05/2003

2 comentários:

Anônimo disse...

"(...) pela esquerda, como aprendi com o Chaves." Essa frase valeu o texto todo! (comentário: ô bicho tarado).

Anônimo disse...

esses mineiro são tudo safado !

chupa que é de uva ! <<<< não podia faltar XD